Fechei meu coração ao amor no
momento em que conheci o outro lado do amor, o lado das mentiras, das traições,
dos enganos, dos fingimentos e da escravidão por medo de apanhar ou mesmo
morrer por causa de um sentimento de possessão e não de amor. Lutei muito para
voltar a ser novamente mulher e não um bicho com medo de tudo e de todos. A
mulher que eu um dia fui já não sou mais, tudo o que vivi nas mãos daquele
homem fez-me mudar radicalmente. Não consigo acreditar no amor, sou muito
desconfiada, vejo sempre uma segunda intenção nas conversas, não vejo beleza em
amar alguém. Só consigo ver a tristeza, a solidão e o medo.
Sou como o mar de inverno, um mar
revoltado e intransigível que não perdoa nada nem ninguém, sou como o vento
forte que sopra para deitar abaixo quem não tem respeito por ele, quem não
conhece o verdadeiro poder da dor. Já não sei chorar nem rir, tornei-me amarga
e fria, não tenho inveja da felicidade dos outros mas também não a desejo.
Apreendi a sobreviver sozinha e
matei todos os sentimentos que um amor pode usar para abrir o meu coração e
fazer-me amar novamente, matei metade de mim e minha alma se apagou. Afastei-me
de tudo e todos. Deixei de querer amizades, ou qualquer tipo de relação que
envolva sentimentos. Só assim consigo manter-me de pé.
Apenas quero viver a minha vida
de solidão em paz, sem distrações e sem problemas causados pelos sentimentos.
Não quero voltar a sofrer, a sentir pena de mim, a lutar por alguém que só quer
usar-me. Perdi a fé no amor, deixei de sonhar com o amor e agora só consigo ter
pesadelos com ele. Acordo frequentemente assustada e descontrolada. Como é que
algo como o amor que deveria ser algo único, puro e feliz pode ser algo tão
destrutivo?
A força maquiavélica do amor
destrói e corrompe-nos por dentro fazendo com que deixemos de gostar de tudo
até da própria vida, desconfiamos até da pessoa mais séria do mundo até da
pessoa em quem sempre confiamos e que um dia consideramos como a/o nossa/o
melhor amiga/o, refugiamo-nos em nossa casa, evitamos estar com outras pessoas
e preferimos ficar sós. Só assim me sinto segura. É uma forma estranha de se
viver mas quando estou rodeada de outras pessoas sinto-me deslocada, fico
apreensiva e demasiado ansiosa devido ao medo que o amor deixou em mim.
É estranha a forma como vivo mas
é a única forma que tenho de sobreviver, não espero que entendam pois eu não quero
voltar a depender de ninguém. A única coisa que eu quero é que respeitem a
forma como escolhi viver.
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