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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Estranha Forma De Viver.


Fechei meu coração ao amor no momento em que conheci o outro lado do amor, o lado das mentiras, das traições, dos enganos, dos fingimentos e da escravidão por medo de apanhar ou mesmo morrer por causa de um sentimento de possessão e não de amor. Lutei muito para voltar a ser novamente mulher e não um bicho com medo de tudo e de todos. A mulher que eu um dia fui já não sou mais, tudo o que vivi nas mãos daquele homem fez-me mudar radicalmente. Não consigo acreditar no amor, sou muito desconfiada, vejo sempre uma segunda intenção nas conversas, não vejo beleza em amar alguém. Só consigo ver a tristeza, a solidão e o medo.

Sou como o mar de inverno, um mar revoltado e intransigível que não perdoa nada nem ninguém, sou como o vento forte que sopra para deitar abaixo quem não tem respeito por ele, quem não conhece o verdadeiro poder da dor. Já não sei chorar nem rir, tornei-me amarga e fria, não tenho inveja da felicidade dos outros mas também não a desejo.

Apreendi a sobreviver sozinha e matei todos os sentimentos que um amor pode usar para abrir o meu coração e fazer-me amar novamente, matei metade de mim e minha alma se apagou. Afastei-me de tudo e todos. Deixei de querer amizades, ou qualquer tipo de relação que envolva sentimentos. Só assim consigo manter-me de pé.

Apenas quero viver a minha vida de solidão em paz, sem distrações e sem problemas causados pelos sentimentos. Não quero voltar a sofrer, a sentir pena de mim, a lutar por alguém que só quer usar-me. Perdi a fé no amor, deixei de sonhar com o amor e agora só consigo ter pesadelos com ele. Acordo frequentemente assustada e descontrolada. Como é que algo como o amor que deveria ser algo único, puro e feliz pode ser algo tão destrutivo?

A força maquiavélica do amor destrói e corrompe-nos por dentro fazendo com que deixemos de gostar de tudo até da própria vida, desconfiamos até da pessoa mais séria do mundo até da pessoa em quem sempre confiamos e que um dia consideramos como a/o nossa/o melhor amiga/o, refugiamo-nos em nossa casa, evitamos estar com outras pessoas e preferimos ficar sós. Só assim me sinto segura. É uma forma estranha de se viver mas quando estou rodeada de outras pessoas sinto-me deslocada, fico apreensiva e demasiado ansiosa devido ao medo que o amor deixou em mim.


É estranha a forma como vivo mas é a única forma que tenho de sobreviver, não espero que entendam pois eu não quero voltar a depender de ninguém. A única coisa que eu quero é que respeitem a forma como escolhi viver.

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