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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Lutei Contra O Teu Amor Mas Perdi



Tento afastar-me dele mas não consigo. Ele inclina-se para mim e o olhar dele é como uma mão assente no meu braço: quente, convidativo, atraindo-me para o seu olhar azul profundo que me deixa doida. Esforço-me para continuar com os olhos cravados no oceano, numa água que é tão negra que eu nem consigo a distinguir do céu negro. Ele aproxima-se por trás de mim, pondo-me a mão no ombro, atraindo-me e puxando-me para o peito dele, basta a sua proximidade para me aquecer o corpo, engulo em seco, sentindo-me incapaz de o rejeitar e deixo-me ser arrastada para os braços dele, apertada contra o seu peito, desejando poder enfiar-me dentro dele e aninhar-me junto ao seu coração e fixar-me aí para sempre. Seria o abrigo mais seguro que eu poderia encontrar.

Ele ajeita-me o cabelo por trás da orelha e levanta-me o queijo, obrigando-me a olhar para ele que procura pelo meu olhar, desvio o olhar dele e fico a olhar para o mar invisível que envia as ondas contra a costa numa explosão continua mas ele volta a puxar-me para si, põe seus lábios na minha orelha, sussurra palavras meigas, carinhosas e apaixonadas derrubando todas as minhas barreiras. Ele toma-me o rosto nas mãos e assenta seus lábios nos meus, não consigo negar o que realmente sinto nem o quanto o quero. Envolvo-lhe o pescoço com os braços, ele puxa-me para o seu colo, agora só quero deliciar-me com a presença dele, olho para o horizonte tão escuro, tão vasto, tão infinito e tão eterno, ele adota uma postura rígida e com uma voz ansiosa, desejoso de que eu saiba o que ele tanto quer ter comigo.

Diz-me numa voz muito suave, os lábios a roçarem-me a orelha, os dedos a deslizarem-me pelo ombro e a deixarem uma impressão gélida por onde passam. Não precisas de entrar em pânico. Não precisas de fugir, de te armares em durona, de fingires que tudo está bem, que não estás sozinha, eu estou aqui para ti. E comtemplando-me com uma expressão que me provoca arrepios na pele denuncia o meu segredo. – Eu sei que queres ser amada e eu quero amar-te. Ele acabou de tirar a minha mascara, já sabe o quanto eu o desejo, o quanto eu quero-o a meu lado, não tenho como fugir.

Ele consegue identificar a minha fraqueza, a minha kriptonita psicológica por assim dizer e parece viver só com o propósito de a explorar, de a ter para si e tornar-se no único que pode aceder livremente a ela. Atirou flechas, cuidadosamente afiadas e apontadas ao meu coração e ganhou-o. Fico imóvel, recusando-me a reagir, decidida a mostrar-me imperturbável e completamente calma mas o seu olhar azul percorre-me o corpo de uma forma tão sabedora, tão intima e tão profunda que sinto minha desejas caírem e entrego-me ao seu olhar. Deixo que ele entre pouco a pouco em mim descobrindo lentamente cada canto do meu ser, cada pedaço da minha alma.


Há uma energia que fica entre nós, que vibra, que consigo sentir e vejo que ele também a sente. As nossas roupas não chegam para abafar o formigueiro que sinto e o calor que pulsa entre nós. O desejo de unir meu corpo ao dele torna-se mais forte, desejo entrar-lhe na mente e ler-lhe os pensamentos que ele guarda só para ele. Com uma voz urgente e sedutora ele me ganha por completo, bastou que ele dissesse que seu amor é meu e eu cedi aos seus encantos. Ele envolve-me num abraço tão terno, tão seguro e tão reconfortante que todos os meus medos se evaporam dando lugar a um único sentimento. Ao amor.

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